Maria Concepción Cabrera de Armida, conhecida pelo apelido de Conchita, foi esposa e mãe de numerosos filhos, viveu santamente no seu cotidiano uma entrega total a vida interior, e de sacrifícios aos seus filhos biológicos e espirituais.

 

Certo dia, ao participar dos Exercícios Espirituais, em sua cidade, recebeu uma forte inspiração, que deixou uma marca indelével em sua vida: a missão de salvar as almas.

 

Jesus uma vez disse a ela: “Existem almas que receberam uma unção através da ordenação sacerdotal. Porém, há também almas sacerdotais que têm uma vocação sem ter a dignidade ou a ordenação sacerdotal. Elas se oferecem em união comigo… Essas almas ajudam espiritualmente a Igreja de maneira poderosa. Tu serás mãe de um grande número de filhos espirituais, mas eles custarão ao teu coração como mil martírios. Oferece-te como holocausto, une-te ao meu sacrifício para obter as graças para eles”.

 

Conchita com grande frequência rezava diante do Santíssimo: “Senhor, sinto-me incapaz de te amar, portanto quero casar. Doa-me muitos filhos assim que eles possam te amar mais de quanto eu sou capaz”. Por tamanha piedade e fé, Deus a concedeu um casamento feliz, do qual nasceram nove filhos, duas mulheres e sete homens. Ela os entregou todos a Nossa Senhora, dizendo: “Entrego-os completamente a ti como se fossem teus filhos. Tu sabes que eu não os sei educar, pouco sei do que significa ser mãe, mas Tu, Tu o sabes”.

 

Maternidade Sacerdotal

Um de seus filhos, chamado Manuel, nascido em 1889, o terceiro filho por idade, nasceu no mesmo dia em que morreu Padre José Camacho. Quando soube, logo Conchita rogou a Deus que seu próprio filho pudesse substituir este sacerdote e se esforçou para educá-lo na santidade.

Na Espanha, em 1906, Manuel comunicou a sua mãe a decisão de se tornar sacerdote e ela lhe escreveu: “Doa-te ao Senhor com todo o coração sem nunca negar-te! Esquece as criaturas e principalmente esquece a ti mesmo! Não posso imaginar um consagrado que não seja um santo. Não é possível doar-se a Deus pela metade. Procura ser generoso com Ele!”.

 

Próximo ao dia da sua ordenação sacerdotal, em 1922, com trinta anos de idade, Manuel escreve a sua mãe: “Mãe, ensina-me a ser sacerdote! Fala-me da imensa alegria de poder celebrar a S. Missa. Entrego tudo em tuas mãos, como me protegeste no teu peito quando eu era criança e me ensinaste a pronunciar os belos nomes de Jesus e Maria para introduzir-me nesse mistério. Sinto-me realmente como uma criança que pede preces e sacrifícios… Assim que eu for ordenado sacerdote, te mandarei a minha benção e depois receberei ajoelhado a tua”. Neste mesmo dia, 31 de julho, em Barcelona, Conchita pôs-se a participar espiritualmente da ordenação, e comoveu-se profundamente: “Sou mãe de um sacerdote! … Posso somente chorar e agradecer! Convido todo o céu a agradecer em meu lugar porque me sinto incapaz pela minha miséria”.

 

Depois de dez anos, Conchita escreve-lhe novamente: “Não consigo imaginar um sacerdote que não seja Jesus, ainda menos quando ele é parte da Companhia de Jesus. Rezo para ti para que tua transformação em Cristo, desde o momento da celebração, se cumpra de modo que tu sejas, dia e noite, Jesus”. Padre Manuel faleceu em odor de santidade aos 66 anos de vida.

 

Maria Conceição Cabrera Arias – Conchita, “extraordinária no extraordinário”, mulher que viveu a santidade no dia-a-dia, se destacou como modelo de esposa, mãe e leiga, foi beatificada em 04 de maio de 2019.

Beata Conchita, rogai por nós!

 

*Seu diário espiritual foi recentemente publicado em língua portuguesa pela Editora Katechesis: https://katechesis.com.br/produtos/diario-espiritual-de-uma-mae-de-familia-beata-conchita/

Fonte: Centro Mater Dei

Referências:

Congregação para o Clero, Adoração Eucarística pela santificação dos sacerdotes e maternidade espiritual, 2007, p. 24-25. Disponível em: http://www.clerus.org/clerus/dati/2008-01/24-13/Adoracao.pdf. Acesso em 24 abr 2020.

Beatificada no México Maria Conceição Cabrera Arias – Conchita. Disponível em: https://www.vaticannews.va/pt/igreja/news/2019-05/beatificada-maria-conceicao-cabrera-arias-conchita-igreja-mexico.html. Acesso em 17 abr 2020.

Jo Croissant, A Mulher Sacerdotal ou o sacerdócio do coração. Aparecida: Santuário, 2003, p. 148.

Constituição Dogmática Lumen Gentium (21 de novembro de 1964), 40.

Episódio Vítima pelos sacerdotes, Padre Paulo Ricardo. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=87kT1chveOc. Acesso em 24 abr 2020.